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CEBs: “sal da terra e luz do mundo”.

Frei Beto e Wagner Gervazio

Sou fruto das Comunidades Eclesiais de Base da Paróquia Santa Cruz, em Alta Floresta/MT, Diocese de Sinop/MT. Mesmo ainda no ventre da minha mãe eu já participava das CEBs e dos animados encontros no “boa nova”. Desde pequeno aprendi que a igreja deve ser uma igreja viva, uma igreja em movimento, em saída... A primeira CEB que eu participei desde que nasci foi a “Nova Esperança” (primeira sul), que, aliás, lá fui batizado pelo saudoso Pe. Geraldo Silva.

 

Depois nos mudamos para a CEB Estrela do Sul (segunda sul) no qual participo até hoje. Na Estrela do Sul, tive vários bons exemplos de vida em Comunidade; excelentes catequistas, pessoas muito engajadas e comprometidas com a construção do Reino de Deus e com o zelo pela igreja católica. Aprendi que a fé só é válida se a gente estiver em movimento, em serviço em prol da comunidade e dos menos favorecidos. Não basta apenas rezar, orar, mas se colocar em ação e doação.

Vivi os melhores anos de minha vida eclesial durante dezessete anos de grupo de jovens, na Pastoral da Juventude Rural.

Aprendi o verdadeiro significado do evangelho e em lutar por uma sociedade justa e fraterna, onde todos e todas possam ter seus direitos respeitados; onde não haja “nenhum camponês sem terra, nenhum índio sem território, nenhum trabalhador sem emprego e trabalho e nenhuma família sem teto”. Aprendi com as CEBs e com o evangelho a amar toda a criação; a ter a opção preferencial pelos excluídos, pelos pobres, pelos marginalizados e oprimidos. Esta opção profética me custou e me custa muito! Porém, penso que uma igreja que só se preocupa com seus dogmas e doutrinas não me faria sentido algum... por isso amo as CEBs e respeito todos os movimentos e outras linhas eclesias, desde que estejam comprometidas com a dignidade humana!

Para coroar toda esta minha vida eclesial, tive o privilégio de participar, nos dias 23 a 28 de janeiro de 2018, em Londrina/PR do 14º Intereclesial das CEBs. Estiveram presentes mais de três mil pessoas “da Amazônia até os pampas, do cerrado aos manguezais”. Também se fizeram presentes pessoas da França, do México, da Argentina, etc.

Durante o 14° discutimos os desafios do mundo urbano através de palestras, miniplenárias, trabalhos em grupos e socialização dos trabalhos na grande plenária. Foram momentos de debates, embates, reflexões, animação, orações, celebrações, muita fé numa igreja em saída, profética, missionária e que esta igreja seja “sal da terra e luz do mundo”.

Durante o Encontro, houve muitas manifestações em prol da democracia, pois estamos vivendo tempos difíceis e de muito retrocesso. Há grupos econômicos em nosso país que não se conformam com a melhoria de vida dos mais pobres e com diversos direitos humanos conquistados. Infelizmente estamos vivendo tempos sombrios, onde o ódio parece estar vencendo o amor, a paz, a compreensão, o diálogo, o respeito e as mídias sociais estão sendo espaços de destilação de “veneno” e do ódio.

Que o Cristo que reina em cada um de nós possa nos ajudar a vencer todo tipo de ódio, de violência que estão nos colocando e que possamos ser uma igreja comprometida com todas as formas de vida! E fica o convite para o 15° Intereclesial das CEBs que será na nossa terra, no MT, na cidade de Rondonópolis em 2022!

Wagner Gervazio

Doutorando em Engenharia Agrícola na Unicamp, SP

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