A EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DO DÍZIMO
Dízimo é contribuição, missão, comunidade! Igreja, comunidade de comunidades, que recebeu a missão de evangelizar! A missão pede entrega, doação, generosidade. O dízimo expressa a participação da pessoa batizada na missão de anunciar o “Evangelho da Alegria”. O dízimo é aqui apresentado na perspectiva da evangelização, como um dos elementos da “conversão pastoral” recomendadas pelo Papa Francisco. (CNBB 106,03)
A comunicação vai além do que falamos ou escrevemos. Ela pode ser feita por meio de gestos, pela dança, pelos olhares, por símbolos. Um símbolo é qualquer evento, objeto, ação, entre outros que possui significado internacional, ou que é apenas compreendido em determinados contextos e grupos sociais
No banner a imagem e texto se complementam e chamam a atenção. A linguagem simbólica consegue trazer, de modo imediato e simples, uma realidade de mensagens sobrepostas, sem fazer uso de uma palavra.
O "símbolo" é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo cotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. "símbolo" é sempre algo que representa outra coisa (para alguém).
A palavra símbolo, admite vários usos, no entanto, a forma mais utilizada para essa imagem pretende representar um conceito, através da realização de uma analogia, ou a partir de uma convenção social. Isto é, o símbolo é a manifestação de uma ideia ou a expressão de um significado convencional que estabelece semelhança com esse significado.
PASTORAL – ação dos cristãos e cristãs
O Império, a Princesa se fez romeira da santa e lhe ofereceu régios presentes. Em 6 de novembro de 1888, a Princesa Isabel visitou pela segunda vez a basílica e ofertou à santa, em agradecimento por uma graça alcançada (promessa feita em sua primeira visita, em 8 de dezembro de 1868), uma coroa de ouro de 14 centímetros de altura e 11 de largura, feita com 300 gramas de ouro 24 quilates, cravejada com 40 diamantes e rubis, juntamente com um manto azul, ricamente adornado. Esta é a mesma coroa com que A Imagem foi coroada Rainha do Brasil em 8 de setembro de 1904 e que está coroando Nossa Senhora em Aparecida até hoje.
A coroa expressa nobreza, poder, consagração. No Novo Testamento fala-se em “coroa da vida” (Ap 2,10), “coroa da glória” (1Pe 5,4). As coroas, assim como as alianças, não têm começo nem fim. A coroa dourada é o símbolo de Cristo, o rei, sendo usada, principalmente, como símbolo do último domingo do ano litúrgico, chamado Cristo Rei. Outra coroa é a de espinhos, que lembra o sofrimento de Cristo (Mt 27.29) e foi transformada por Deus em coroa real (1Tm 6,14-16).
A coroa não é apenas um ornamento para cabeça, mas uma dádiva dada, uma recompensa concedida por um feito extraordinário realizado, no caso da palavra de Deus um “mérito” que será recebido aos que permanecerem fieis até sua morte ou até a volta de Cristo.
Coroa incorruptível ou dos Vencedores – I Coríntios 9, 25-27).
Coroa da justiça – (2 Tm. 4, 6-8);
Coroa da Vida ou dos Mártires – (Apocalipse 2, 10 - Tiago. 1, 12);
Coroa da Glória ou dos Bispos – (1 Pedro 5, 1-4)
Coroa da alegria ou Regozijo – (1Ts. 2, 19-20 (Apocalipse. 3, 11)
MANTO DE NOSSA SENHORA APARECIDA – proteção e cuidado
O manto da Padroeira do Brasil sempre quis representar a realeza de Maria, enquanto Mãe Redentor da humanidade. É uma peça de roupa que reis, autoridades civis e religiosas vestiam por cima de outras roupas (1Sm 24, 4 Lc 23, 11)
Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o MANTO de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se enfeita com as suas joias. (Isaías 61,10)
Manto de Lealdade
Lealdade, na Palavra, é muito mais do que estar junto, é o prazer de servir e de trazer conforto na caminhada e proteção.
Manto de Fidelidade
Fidelidade é o caráter do povo batizado, chamado e enviado. Este chamado arde dentro de nós, nações nos esperam, povos nos aguardam e precisamos levar o bom testemunho da Aliança, leais e fiéis, que vão além do discurso, além de nós mesmos, além dos interesses pessoais.
Manto de Honra
A Honra é a semente para o êxito. O serviço é uma Honra, e as pessoas que servem estão honrando os que estão sendo servidos.
O manto da pastoral do dizimo são os agentes protegendo e incentivando a ação evangelizadora e missionária de toda comunidade. (CNBB 61-66)
TRIANGULO – perfeita comunhão
O manto de Nossa Senhora Aparecida forma um triângulo e assim se torna um sinal que comunica sua importância.
No Cristianismo, pode-se observar a simbologia do triângulo expressa na Santíssima Trindade, que é composta pelo Deus Pai, Deus Filho e Espírito Santo. A doutrina da trindade em primeiro lugar vem da história do batismo de Jesus, onde o Pai, o Filho e o Espirito Santo estão presentes de forma igual.
O triângulo também representa nossa paróquia de Santa Cruz, que tem por padroeira Nossa Senhora Aparecida, ainda o tempo do Pe. Geraldo Silva e do Pe. José de Paula desejavam que esta construção fosse conhecida como o “santuário de Nossa Senhora Aparecida da Amazônia”.
Neste entendimento colocamos o dízimo na perspectiva da catequese como iniciação a vida crista e na pastoral de conjunto. (CNBB 71)
VERMELHO – amor e justiça
A cor vermelha também desperta a intenção de agir nas pessoas. Esse tom é comum para representar o coração, símbolo do amor, O vermelho é um tom quente, o que realmente traz associações com emoções intensas e provocativas. Também representa o guerreiro ou mártir, indica coragem e força. Existem diferentes significados para o vermelho, inclusive no que respeita às tonalidades: vermelho claro brilhante e vermelho escuro.
Segundo o Concílio Vaticano II, na constituição pastoral Gaudium et Spes, “pastoral” consiste em se debruçar sobre as aspirações e as angústias dos homens para lhes propor, a partir delas, a mensagem cristã. Pastoral não se limita a ação dos pastores, mas a ação de toda a comunidade, de toda a Igreja.
Num sentido amplo, pastoral é toda a ação da Igreja e sua missão neste mundo. A Igreja não existe para si mesma, mas em função da sua missão de anunciar Jesus Cristo e fazer acontecer o Reino de Deus.
Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anuncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, a luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo a plenitude.
A pastoral do dízimo é a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para sua implantação e o seu funcionamento. (CNBB 36-39). “O que diz respeito a todos, deve ser por todos tratado” (CNBB 40)
PARÓQUIA comunidade de comunidades
A Paróquia é a comunidade de comunidades, pastorais e movimentos (REDE). E dá a razão: porque “acolhe as angústias e esperanças dos homens, anima e orienta a comunhão, participação e missão”. Portanto, a paróquia, além de ser comunidade de comunidades, está muito ligada à vida dos que vivem em seu território.
Paróquia não é apenas território, nem estrutura, nem edifício, mas é “a família de Deus, como uma fraternidade animada pelo Espírito de unidade”. A paróquia deveria ser a família das famílias, a grande família. Ou ainda: uma fraternidade animada pelo Espírito de unidade, que gera unidade. “A paróquia, comunhão orgânica e missionária, é assim uma rede de comunidades”. “O DIZIMO É PAROQUIAL. SUA CONTRIBUIÇÃO SE FAZ NA SEDE DA PAROQUIA, NA COMUNIDADE OU NO SETOR QUE O FIEL PARTICIPA”. (CNBB 49)
MEU DÍZIMO E FRUTO DE NOSSA FÉ
À medida que amadurecemos na vida de comunidade, passamos do “eu” para o “nós”, reconhecemos que podemos mais do que nossos olhos podem ver, passamos do material, do particular ao universal. O mesmo acontece conforme entendemos nosso lugar no mundo. Primeiro reconhecemos nossos pais, depois nossos parentes, posteriormente os amigos, vizinhos, a comunidade, a cidade, a região, o país, até chegarmos à ideia de humanidade como um todo. “Os fundamentos do dízimo mostram que ele é um compromisso de fé, pois está relacionado com a experiência de Deus que, por amor entregou o Filho por nós e por todo mundo, para que o mundo seja salvo por ele”. “Alguém se torna dizimista. Porque tem fé em Deus e confia nas suas promessas” - Rm 4, 18-25 e 2 Cor 1, 19-20. (CNBB 08). Todos partilhavam motivados pela pessoal da fé (Atos 2 42-47). A gratuidade pessoal vivida em comunidade (2 Cor 9, 7-9)
Como compromisso moral, a contribuição como dízimo nasce de uma decisão pessoal que exprime a pertença efetiva à Igreja vivida em uma comunidade concreta. (CNBB 09.20.21.23)
DÍZIMO – processo de evangelização
É uma contribuição sistemática (é estável, assumida de modo permanente) e periódica (podendo ser mensal ou estar ligada ás colheitas ou a venda de produtos, sendo realizada na ocasião em que se recebe o salário ou outros tipos de ganho) dos fiéis, por meio do qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e da Igreja. Ele pressupõe pessoas evangelizadas e comprometidas com a evangelização. (CNBB 06.10)
É um compromisso assumido com a comunidade; é um direito e um dever que leva a uma contribuição regular e estável através da qual a paróquia se mantém. “A forma de contribuir é conforme o tempo e o costume de cada lugar. ” (CNBB 10). A finalidade do dízimo decorre de sua natureza e de suas dimensões (CNBB 34.35)
MÃOS - oferecer e receber
O Dízimo nos educa para a gratidão e para a generosidade. Ele nos leva a abrir os horizontes da nossa mente, a abrir o nosso coração e nossas mãos. O Dízimo nos lembra que, além do nosso pequeno mundo, existe uma multidão de irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai, precisando de nossa solidariedade. O Dízimo nos ajuda a reconhecer que tudo recebemos de Deus por pura gratidão, e nos leva a partilhar uma pequena parte do muito que recebemos.
Jesus pôs as mãos sobre as cabeças das crianças, quando as abençoava (Mc 10,16); e o Espirito Santo era conferido aos que eram batizados, pela imposição das mãos dos apóstolos (At 8,17; 19,6).
A linguagem utilizada sobre o dízimo precisa estar em sintonia com seu significado, portanto a melhor palavra para definir o dízimo é contribuir (CNBB 56.57), estar de mãos abertas para oferecer e receber.
COROA - fidelidade e serviço
Com muita fé que a Princesa Isabel conseguiu realizar o sonho de ter um filho, após 11 anos de casada. Nos anos seguintes a realeza brasileira ganhou outros dois herdeiros, D. Luiz Maria e D. Antônio. Por duas vezes, durante
O vermelho é a cor que traz duas energias mais vitais para ser humano, o fogo e o sangue, A Igreja usa vermelho para simbolizar o sangue dos mártires e a infusão do Espírito Santo e a vida de Jesus.
CORAÇÃO – fé e razão
Coração em cruz expressa duas prioridades da vida cristã. A primeira tem objetivo ser sinal “só se vê bem com o coração”. Em um mundo materialista e racionalista, onde o conhecimento através das ciências exatas determina o pensamento e ação do ser humano, a imagem da cruz com um grande coração aberto no centro chama a atenção para a antiga ideia bíblica de que o coração é a sede do conhecimento e das grandes decisões. O coração representa a sabedoria, que não é somente a inteligência, mas uma síntese entre razão e sentimento. Trata-se da sabedoria de Deus.
A segunda prioridade está relacionada à cruz que tem o coração. Nesse símbolo vemos o sofrimento de Cristo e reconhecemos o seu amor pela humanidade. A cruz é realista porque apresenta o sofrimento da vida do ser humano, mas não paramos no sofrimento. Descobrimos o amor oferecido por Deus através de Jesus Cristo “que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). De modo que Cruz e Amor estão juntos, ou seja, “não há maior amor que dar a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
Tanto dízimo quanto as ofertas e coletas devem ser medidos conforme o coração, porque o coração tem a medida do amor e da justiça, da abundância e nunca da miséria. Quando eu conheço as necessidades da minha comunidade, dos meus irmãos, devo corresponder a estas necessidades (2 Cor 9, 7-9)
PARTILHAR A MISSÃO DO CORAÇÃO – vida integrada
Cruz com raios que partem de um centro comum. A cruz cristã é o símbolo supremo da fé e da Santidade, um a vez que Cristo foi crucificado antes de morrer num ato de sacrifício para salvar a humanidade. É Deus que partilha outra vez sua vida.
As quatro divisões do coração expressam a missão do dizimista, pessoa de oração, participante da comunidade, apaixonado pela missão, caridoso e justo.
DIMENSÃO RELIGIOSA
tem a ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva e aprofunda sua relação com aquele de quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, e expressa na gratidão, sua fé e sua conversão. Essa dimensão, tratando da relação com Deus, insere o dízimo no âmbito da espiritualidade cristã. (CNBB 29)
DIMENSÃO ECLESIAL
Com o dízimo, o fiel vivencia sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para realizar o culto divino e para desenvolver sua missão. A consciência de ser Igreja leva os fiéis a assumirem a vida comunitária, participando ativamente de suas atividades e colaborando para que a comunidade viva cada vez mais plenamente a fé e mais fielmente testemunhe. (CNBB 30)
DIMENSÃO MISSIONÁRIA
Com o dízimo, o fiel vivencia sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para realizar o culto divino e para desenvolver sua missão. A consciência de ser Igreja leva os fiéis a assumirem a vida comunitária, participando ativamente de suas atividades e colaborando para que a comunidade viva cada vez mais plenamente a fé e mais fielmente testemunhe. (CNBB 30)
DIMENSÃO CARITATIVA
Que se manifesta no cuidado com os pobres, por parte da comunidade. Uma das características das primeiras comunidades cristãs era de que “entre eles ninguém passava necessidade”, pois tudo era distribuído conforme a necessidade de cada um (At 4, 34-35). A atenção com os pobres e suas necessidades é uma característica da Igreja Apostólica. (CNBB 32
A correta compreensão do dízimo evita que ele seja proposto e assumido unicamente como forma de captação dos recursos para outras pastorais, para a sustentação de pessoas e para manutenção das estruturas eclesiais. Essa compreensão não expressa toda a riqueza de seu significado, não podendo, portanto, ser apresentada como única motivação. (CNBB 12)
Nossa Senhora Aparecida, maternalmente presente entre nós, nos acompanhe e faça experimentar a alegria que brota da confiança em Deus e da dedicação generosa aos irmãos e irmãs.
Pe. Renato Dutra Borges, SDN